Inteligência Emocional
❈ Inteligência Emocional❈
O que é a Inteligência Emocional?
De acordo com a psicologia, inteligência emocional é a capacidade de identificar e lidar com as emoções e sentimentos pessoais e de outros indivíduos.
Um exemplo é a pessoa que consegue terminar suas tarefas e atingir suas metas, mesmo sentindo-se triste e ansiosa ao longo de um dia de trabalho.
Ou seja, é uma habilidade que permite que as pessoas gerenciem melhor seus sentimentos e a forma que agirão com base neles.
Como surgiu a Inteligência Emocional?
A primeira referência à inteligência emocional de que se tem notícia é do século XIX, de autoria do naturalista Charles Darwin.
É bem verdade que, à época, o conceito mais preciso era o de expressão emocional.
Tinha muito mais a ver com o instinto de sobrevivência e com a teoria evolucionista de adaptabilidade do que com o sentido que conhecemos hoje.
Depois, já no século XX, vieram outras ideias como as de inteligência social, que tratava sobre a capacidade humana de compreender e motivar uns aos outros, e a de inteligências múltiplas, que abordava os aspetos intrapessoais e interpessoais.
Aqui, com o psicólogo Howard Gardner, foi a primeira vez que se procurou entender os próprios sentimentos, motivações e medos.
Sem dúvida, foram referências importantes, que contribuíram para se chegar à definição atual de inteligência emocional.
Porém, o termo em si foi usado pela primeira vez somente em 1990 pelos pesquisadores Peter Salovey e John D. Mayer, na revista Imagination, Cognition and Personality.
O papel de Daniel Goldman
Todos os teóricos, cientistas, pesquisadores e psicólogos citados tiveram a sua participação no desenvolvimento do conceito e de estudos envolvendo a inteligência emocional.
Mas nenhum deles tem um papel tão fundamental quanto o escritor Daniel Goleman, autor do best seller Emotional Intelligence, de 1995.
Só para você ter uma ideia, a obra vendeu mais de 5 milhões de cópias e foi traduzida para 40 idiomas diferentes.
Ou seja, Goleman foi o responsável por popularizar o tema, levando o assunto a diversas camadas da sociedade, para além da academia.
Ao contrário de seus colegas e antecessores, a linguagem usada por ele é muito mais acessível ao público em geral, facilitando a compreensão.
O tom persuasivo também é uma marca de Goleman, que foi colunista do The New York Times por 12 anos.
Ele escrevia no caderno de Ciências e focava seus textos especialmente no comportamento humano e no funcionamento do cérebro.
Em termos mais conceituais, o autor foi o primeiro a aprofundar-se de fato na complexidade da inteligência emocional.
Goleman apresentou resultados de novos estudos sobre a mente humana, associando diversos aspetos da nossa personalidade às habilidades cognitivas.
Entre as suas principais contribuições técnicas está a criação do conceito de Quociente Emocional (QE), um complemento ao Quociente de Inteligência, o famoso QI.
Segundo Goleman, a capacidade de uma pessoa em lidar com suas emoções é muito mais importante que a sua competência de processar informações.
Ele inclusive dá números a essa relação.
O sucesso de uma pessoa, de acordo com o pesquisador, tem 80% a ver com o seu QE, enquanto o QI é responsável pelos outros 20%.
Afinal, do que adianta ter um nível de conhecimento acima da média e não saber trabalhar suas emoções?
Fundamentos do Modelo de Goleman
O modelo de Goleman possui uma série de fundamentos que se baseiam no desenvolvimento de habilidades comportamentais para uma melhor gestão das emoções.
Não à toa, o cientista conceitua inteligência emocional como a competência para gerenciar sentimentos, de maneira que eles contribuam para as tomadas de decisões e o bem-estar geral.
O que é ser uma pessoa Inteligente ?
A medida da inteligência era dada exclusivamente pelo Quociente de Inteligência (QI) de uma pessoa.
No conceito de QI está, em linhas gerais, a habilidade de raciocinar, pensar nos problemas de forma abstrata, gerar soluções para assuntos complexos e aprender rapidamente.
Tudo isso se relaciona com o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos.
Contudo, muitos estudiosos passaram a questionar essa teoria da inteligência única.
Em contraposição a essa corrente, Howard Gardner elaborou a teoria das múltiplas inteligências na década de 1980.
De acordo com o novo estudo, tanto Pelé como Einstein são exemplos de pessoas muito inteligentes.
Pelé destaca-se na inteligência corporal-cinestésica, enquanto Einstein leva "nota 10" na inteligência lógica-matemática.
De acordo com Gardner, existem 8 tipos de inteligência.
São eles:
- Linguística: comunicação oral e escrita, lidar com palavras. Políticos, poetas e jornalistas costumam ser referência
- Musical: produz e diferencia sons, ritmos e timbres
- Lógica/Matemática: resolução de cálculos e problemas. Cientistas, acadêmicos e engenheiros são os destaques
- Visual/Espacial: visão do todo, 3D, reconhecimento especial. Pintores, fotógrafos e designers são exemplos de profissionais com essa inteligência bem desenvolvida
- Corporal/Cinestésica: não só os atletas a utilizam, mas também profissões como cirurgiões e artistas plásticos, pois devem fazer um uso racional de seu corpo ao exercer a profissão
- Interpessoal: auxilia na interpretação dos gestos e palavras na esfera social. Permite a empatia
- Intrapessoal: possibilita que possamos nos compreender e nos controlar internamente
- Naturalista: deteta e relaciona questões da natureza. Está ligada à sobrevivência do ser humano.
Ter domínio da Inteligência Emocional
Dominar sua inteligência emocional significa ser capaz de perceber suas emoções, saber nomeá-las, entendendo seus gatilhos, para, então, desenvolver formas de lidar com elas.
E elas são muitas.
Felicidade, raiva, angústia, medo, alívio, tédio... Alguns estudos falam em 27 emoções, enquanto outros abrem esse leque para quase 50.
O grande desafio é que temos gerações de pessoas que cresceram sendo ensinadas a nomear tudo como tristeza, alegria, medo e raiva.
Assim, se a angústia decorrente de uma situação de conflito e contradição for taxada como tristeza, será difícil de dominar, pois o sentimento por trás é mais complexo.
Pode até envolver a tristeza, mas não se limita a ela.
Ter consciência das emoções existentes que se pode experimentar permite que você entenda também quais são os gatilhos de cada uma.
E, a partir disso, será possível desenvolver formas de lidar com elas.
Com o tempo, você percebe que está com mais jogo de cintura, que se tornou uma pessoa mais leve, otimista e que resolver problemas não é mais um fardo.
A partir desse momento, você terá domínio de sua inteligência emocional.
Os 5 pilares da Inteligência Emocional
O modelo de Goleman fundamenta-se a partir de uma série de competências que, por sua vez, são sustentadas por estes cinco pilares da inteligência emocional.
Os três primeiros são intrapessoais, e os dois últimos, interpessoais.
Confira:
1. Conhecer Suas Emoções
O primeiro pilar é a autoconsciência, que nada mais é do que a capacidade de entender como as emoções funcionam. Ou seja, é preciso compreender como elas surgem, de onde vêm e de que maneira se manifestam.
Normalmente, os sentimentos propiciam dois tipos de reações: as psicológicas e as físicas.
As primeiras são pensamentos e crenças, já as segundas são sintomas como arrepios e taquicardia, por exemplo.
Uma emoção como a angústia pode despertar crenças limitantes e pensamento negativos que remetam à falta de capacidade, assim como manifestações físicas como palpitações e dores abdominais.
2. Controlar Suas Emoções
O segundo pilar é a autorregulação das emoções. Ou seja, a competência de gerenciar os seus sentimentos.
Depois de conseguir reconhecer o que você sente, fica mais fácil controlar essas diferentes sensações.
Seguindo o exemplo anterior, vamos supor que você sente sempre angústia em determinadas situações na sua rotina de trabalho, que geram aquelas respostas físicas e psicológicas já mencionadas.
Para começar a dominar esse sentimento mau, o primeiro passo é identificar quais circunstâncias que o despertam.
Diversas estratégias podem ser úteis nesse sentido, como conversar consigo mesmo ou manter um diário pessoal.
A ideia é sempre lembrar que você tem uma escolha, que o controle das emoções está em suas mãos.
3. Desenvolver a Automotivação
O terceiro pilar diz respeito a motivar-se e manter-se motivado.
Para isso, você precisa usar as emoções a seu favor, em prol de algum objetivo específico, seja ele pessoal ou profissional.
Se a sua meta é ser promovido, por exemplo, o exercício que deve ser feito é: de que maneira posso gerir meus sentimentos, de modo a ter decisões mais assertivas que me permitam aproveitar as oportunidades?
Privilegiar a razão em qualquer cenário parece ser a decisão mais óbvia, mas, na verdade, a chave para o sucesso está no equilíbrio entre as duas esferas.
4. Desenvolver A Empatia
O quarto pilar também é o primeiro que aborda as competências interpessoais, e não apenas as habilidades individuais, onde precisamos lidar apenas com o nosso íntimo.
O desenvolvimento da empatia, neste caso, vai além do conceito mais conhecido de "se colocar no lugar do outro".
Aqui, soma-se a esse exercício reconhecer que as demais pessoas ao seu redor, amigos, família e colegas de trabalho, também têm as suas emoções e precisam aprender a lidar com elas.
Talvez, o estágio de desenvolvimento da inteligência emocional deles esteja atrasado em relação ao seu, mas não há espaço para julgamentos.
5. Desenvolver o Relacionamento Interpessoal
O ser humano vive de suas relações.
Desde os primórdios, unimo-nos para sermos mais fortes e superar os obstáculos juntos.
O quinto e último pilar trata sobre isso.
A necessidade de nos relacionarmos com o outro e como as competências sociais podem ser úteis nesse sentido.
Principais características de pessoas com Inteligência Emocional
Daniel Goleman, ao atribuir 80% do sucesso das pessoas a fatores relacionados à inteligência emocional, identificou cinco características principais entre aquelas que apresentam a habilidade.
São elas:
Autoconsciência
Pessoas que se conhecem.
Significa ter consciência de suas forças, fraquezas e limitações.
Essas pessoas aprendem a explorar as suas potencialidades e respeitam os seus limites.
Automotivação
É algo interno.
Permite colocar os sentimentos a serviço de suas metas pessoais.
Perseverança, resiliência e iniciativa são características de pessoas automotivadas.
Reconhecimento Das Emoções noutras Pessoas
Sentir o outro num ambiente social, perceber as suas dores e necessidades, ter empatia.
Isso requer habilidade e muito treino.
Controle Emocional
Capacidade de lidar com situações adversas, mantendo o controle e a segurança, de forma positiva e menos stressante.
Pessoas que conseguem barrar os seus impulsos têm maiores chances de manter um controle emocional frequente.
Relacionamentos Interpessoais
Interagir em ambiente social.
Estar emocionalmente disponível, ser persuasivo, influente e saber administrar conflitos.
Com quais dessas características você se identificou e quais acredita que precisa trabalhar mais a fundo?
Uma coisa é certa: qualquer pessoa pode evoluir e desenvolver a inteligência emocional.
Importância de desenvolver Inteligência Emocional
Ao pensar em liderança, muitos descrevem diversas características cognitivas (visão estratégica, raciocínio rápido, entre outras) e sempre acrescentam a palavra liderança inspiradora.
Para inspirar, um líder precisa mexer com as emoções.
E isso pode ser um problema, tanto para si, como para sua equipa.
A grande questão é: como direcionar a sua emoção e a de outras pessoas habilmente para que todos possam ter uma performance superior?
Vamos mudar o contexto para chegarmos a um entendimento melhor.
Pense na educação de uma criança.
Os pais são os líderes inspiradores, certo?
Da mesma forma, se você não souber lidar com suas emoções como pai/mãe, como conseguirá ensinar seus filhos a lidar com as emoções deles, para que se tornem adultos inteligentes emocionalmente?
Essas questões demonstram a importância de desenvolvermos a inteligência emocional diariamente, pois, como seres humanos, experimentamos diferentes emoções o tempo inteiro.
E, pior ainda, as nossas emoções podem levar a um efeito em cadeia ao nosso redor.
Basta lembrar quando alguém chega ao escritório com muita raiva.
Cada palavra e gesto refletem sua emoção, certo?
De repente, o clima no departamento fica péssimo.
Todos começam a tratar uns aos outros de forma raivosa, mas sem motivo aparente.
Lembre-se: sentimentos são contagiosos, para o bem e para o mal.
Portanto, a forma como reagimos a cada uma dessas emoções ajuda-nos a alcançar nossos objetivos pessoais e profissionais.
E isso também permite que sejamos melhores líderes, desenvolvendo relacionamentos saudáveis, com uma vida mais equilibrada e feliz.