Teoria do Desenvolvimento Psicossocial

O que é a Teoria do Desenvolvimento Psicossocial?

A teoria do desenvolvimento psicossocial segundo Erik Erikson prediz que o crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao acaso e depende da interação da pessoa com o meio que a rodeia. Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma vertente negativa.

 As duas vertentes são necessárias, mas é essencial que se sobreponha a positiva. A forma como cada crise é ultrapassada ao longo de todos os estágios influenciará a capacidade para se resolverem conflitos inerentes à vida. Esta teoria concebe o desenvolvimento em 8 estágios.

A brilhante vida de Erik Erikson

Ainda sobre a vida de Erik Erikson

Erik era uma pessoa muito viva, forte e enérgico. Seu padrasto era médico e queria muito que ele também se tornasse médico, mas o enteado não quis. 

Quando ficou maior de idade, Erik começou a estudar arte na Alemanha, mas logo se cansou e decidiu ir, juntou-se a um amigo, viajaram pela Europa para fazer arte.

Quando retornou para a Alemanha, Erik foi se tratar com a Ana Freud, filha do Sigmund Freud. Ela viu nele um espírito propenso ao entendimento da natureza humana e convidou-o para fazer um curso de psicanálise no Instituto de Freud.

Claro que ele aceitou e logo se formou em psicanálise, embora ele houvesse tido uma formação anterior, ou seja, uma graduação.

Erik Erickson nasceu em 1902 na Dinamarca e sua mãe, para aquela época, era uma pessoa considerada bem avançada e engravidou de Erik sem estar casada. Quando ela descobriu isso se mudou para a Alemanha para que seu filho pudesse nascer nesse país. O sobrenome é do pai biológico. 

Erikson foi crescendo e a sua mãe acabou se casando com o pediatra do filho, no qual decidiu trocar o sobrenome de Erik para o sobrenome do seu novo marido.

A mudança de nome, alteração de país e o fato de estar inserido numa nova realidade fizeram com que Erik repensasse sobre sua vida. Além disso, o novo casamento de sua mãe, o que não era muito comum para a época, provocou em Erikson diversas dúvidas, diversas crises de identidade, tanto que quando ele se tornou maior de idade se autodenominou Erik Erikson, lembrando que a raiz "son" significa "é filho de".

Então, é percetível que o psicanalista tinha muitos conflitos em relação à sua identidade, por ter nascido de um pai que não o assumiu como filho, por também ter mudado de país e toda a alteração de sobrenome. Ele decidiu se batizar de Erik Erikson, que era Erik filho dele mesmo.

Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson

Ele forma em -se psicanalista, casa-se e começa a atuar na clínica de Freud. Erik tem algumas divergências com as teorias de Freud, principalmente porque Freud vê o desenvolvimento humano a partir de uma teoria que se chama Psicossexual e o Erikson desenvolve uma teoria Psicossocial, pois para o seu entendimento, o ser humano não pára de se desenvolver, ao contrário do proposto por Freud, que desenvolveu as cinco fases do desenvolvimento em que parariam no período da puberdade. 

Erikson, por sua vez, trabalha com as fases do desenvolvimento até o final da vida do ser humano e diz que o meio que a pessoa vive é muito importante para o seu desenvolvimento humano. Então, reiteramos que Erik diverge de Freud nesse ponto, criando assim, a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento. 

Quando Hitler ascendeu ao poder, Erikson fugiu da Alemanha e mudou-se para os Estados Unidos, onde fez carreira. Lá ele teve muito contato com pesquisadores na área de antropologia e passou muito tempo visitando comunidades afastadas naquela região. 

O psicanalista observou outras formas de se viver na sociedade americana, em meados do século XX. Através dessa investigação, ele agregou à sua teoria diversos olhares da antropologia, no qual desenvolveu o pensamento de como o ser humano se constituía a partir da sua interação com o meio.

Dentro da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial, Erik dizia que o desenvolvimento pessoal depende da interação entre o sujeito e o meio que o rodeia. O meio para ele tinha um papel fundamental na construção da subjetividade e identidade de cada pessoa.

Ele concorda com outros pesquisadores de que o crescimento psicológico ocorria através de estágios e fases e refutava que a cada etapa, o indivíduo cresce a partir das exigências internas de seu ego, mas também das exigências do meio em que vive, sendo, portanto, essencial a análise da cultura e da sociedade em que vive o sujeito em questão.


Etapas do Desenvolvimento Psicossocial de Erikson

As etapas do desenvolvimento psicossocial de Erikson respondem a uma teoria psicanalítica integral que identifica uma série de etapas pelas quais um indivíduo saudável passa ao longo de sua história de vida. Cada etapa seria caracterizada por uma crise psicossocial de duas forças em conflito.

Erikson, assim como Sigmund Freud, acreditava que a personalidade se desenvolvia em uma série de etapas. A diferença fundamental é que Freud baseou sua teoria do desenvolvimento de uma série de etapas psicossexuais. Por sua vez, Erikson se concentrou no desenvolvimento psicossocial. Erikson estava interessado em como a interação e as relações sociais desempenhavam um papel no desenvolvimento e crescimento dos seres humanos.

Cada uma das oito etapas descritas por Erikson em sua teoria do desenvolvimento psicossocial se baseia nas etapas anteriores, de modo que facilita o caminho para os seguintes períodos de desenvolvimento. Assim, podemos falar de um modelo que aponta, de alguma forma, um segmento vital.

Erikson propôs que as pessoas vivenciam, em cada etapa, um conflito que serve como ponto de inflexão no desenvolvimento, como um estímulo para a evolução. Esses conflitos se concentram em desenvolver uma qualidade psicológica ou não desenvolver essa qualidade. Durante a etapa, o potencial de crescimento pessoal é alto, mas o potencial de fracasso também.

Assim, se as pessoas enfrentarem com sucesso o conflito, superam esse estágio com forças psicológicas que lhes servirão para o resto de suas vidas. Mas se, pelo contrário, não conseguirem superar esses conflitos de forma eficaz, podem não desenvolver as habilidades essenciais necessárias para enfrentar com sucesso os desafios das etapas seguintes.

Erikson também afirmou que um senso de competência motiva comportamentos e ações. Dessa forma, cada etapa da teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson refere-se a se tornar competente em uma área da vida. Portanto, se a etapa for bem administrada, a pessoa terá um senso de domínio, mas se a etapa for mal administrada, a pessoa ficará com uma sensação de insuficiência nesse aspecto do desenvolvimento. 

Etapa 1. Confiança vs Desconfiança (0 a 18 meses)

Na primeira das etapas dos estágios de desenvolvimento psicossocial de Erikson, as crianças aprendem a confiar -ou não confiar nos outros. A confiança tem muito a ver com o apego, o gerenciamento dos relacionamentos e a medida em que a criança espera que os outros atendam às suas necessidades. Como o bebê é totalmente dependente, o desenvolvimento da confiança se baseia na confiabilidade e qualidade dos cuidadores da criança, especialmente da mãe.

Se os pais expõem a criança a um relacionamento de afeto no qual a confiança prevalece, é provável que a criança também adote essa posição diante do mundo. Se os pais não fornecem um ambiente seguro e não atendem às necessidades básicas da criança, provavelmente aprenderão a não esperar nada dos outros. O desenvolvimento da desconfiança pode levar a sentimentos de frustração, suspeita ou insensibilidade pelo que acontece em um ambiente do qual esperam pouco ou nada. 

Etapa 2. Autonomia vs Vergonha (18 meses-3 anos)

Na segunda das etapas do desenvolvimento psicossocial de Erikson, as crianças adquirem um certo grau de controle sobre o corpo, o que, por sua vez, faz com que sua autonomia cresça. Ao conseguirem concluir com êxito as tarefas por conta própria, adquirem um senso de independência e autonomia. Assim, ao permitir que as crianças tomem decisões e ganhem controle, os pais e cuidadores podem ajudá-las a desenvolver um senso de autonomia.

As crianças que completam com sucesso esta fase geralmente têm uma autoestima saudável e forte, enquanto aquelas que não o fazem geralmente têm a sensação de andar sobre um solo muito instável: elas mesmas (seu próprio apoio). Erikson acreditava que alcançar um equilíbrio entre autonomia, vergonha e dúvida levaria à vontade, que é a crença de que as crianças podem agir com intenção, dentro da razão e dos limites.

Etapa 3. Iniciativa vs Culpa (3-5 anos)

Na terceira etapa proposta por Erikson, as crianças começam a fortalecer seu poder e controle sobre o mundo através do brincar, um marco de valor incalculável para as interações sociais. Quando alcançam um equilíbrio ideal de iniciativa individual e vontade de trabalhar com os outros, surge a qualidade do ego conhecida como propósito.

As crianças que são bem-sucedidas nessa etapa se sentem capazes e confiantes em guiar os outros. Aqueles que não conseguem adquirir essas habilidades provavelmente ficam com um sentimento de culpa, dúvidas e falta de iniciativa.

A culpa é boa no sentido em que demonstra a capacidade das crianças de reconhecer quando fizeram algo errado. No entanto, a culpa excessiva e imerecida pode fazer com que a criança descarte os desafios por não se sentir capaz de enfrentá-los: o sentimento de culpa não deixa de ser um dos nutrientes mais ricos do medo.

Etapa 4. Perseverança vs Inferioridade (5-13 anos)

As crianças começam a realizar tarefas mais complicadas; seu cérebro atinge um alto grau de maturidade, o que lhes permite começar a lidar com abstrações. Também podem reconhecer suas habilidades, bem como as habilidades de seus companheiros. De facto, as crianças muitas vezes insistem que lhes sejam dadas tarefas mais desafiadoras e exigentes. Quando atingem essas tarefas, esperam obter um reconhecimento associado.

O sucesso na busca por um equilíbrio neste estágio do desenvolvimento psicossocial nos leva a falar sobre competência: as crianças desenvolvem uma confiança em suas habilidades para lidar com as tarefas que lhes são apresentadas. Outra conquista importante é que começam a calibrar de forma mais realista os desafios que estão preparados para enfrentar e os que não estão.

Se algumas crianças não podem ter um desempenho tão bom quanto desejam, muitas vezes a sensação de inferioridade aparece. Se esse eco de inferioridade não for tratado adequadamente e a criança não receber ajuda para o gerenciamento emocional de seus fracassos, pode optar por descartar qualquer tarefa que seja difícil por medo de reviver esse sentimento. Por isso, é tão importante considerar o esforço da criança ao avaliar uma tarefa, separando-a do resultado objetivo.

Etapa 5. Identidade vs Disseminação de Identidade (13 a 21 anos)

Nesta fase das etapas de Erikson, as crianças se tornam adolescentes. Encontram sua identidade sexual e começam a projetar uma imagem daquela pessoa futura com quem querem se parecer. À medida que crescem, tentam encontrar seus propósitos e papéis na sociedade, além de solidificar sua identidade única.

Nesta etapa, os jovens também devem tentar discernir quais atividades são apropriadas para sua idade e quais são consideradas 'infantis'. Precisam encontrar um compromisso entre o que esperam de si mesmos e o que o seu ambiente espera deles. Para Erikson, concluir esta etapa com sucesso significa concluir a construção de uma base sólida e saudável para a vida adulta. 

Etapa 6. Intimidade vs Isolamento (21-39 anos)

Nesta etapa do desenvolvimento psicossocial de Erikson, os adolescentes se tornam adultos jovens. No começo, a confusão entre identidade e papel está chegando ao fim. Em adultos jovens, ainda é uma prioridade importante responder aos desejos do ambiente e, dessa forma, se "encaixar". No entanto, é também uma etapa em que começam a ser traçadas determinadas linhas vermelhas de forma autônoma: aspectos que a pessoa não estará disposta a sacrificar para agradar a alguém.

Uma vez que as pessoas tenham estabelecido suas identidades, estão prontas para assumir compromissos de longo prazo com os outros. Tornam-se capazes de formar relacionamentos íntimos e recíprocos, e de boa vontade fazem os sacrifícios e compromissos que tais relacionamentos requerem. Se as pessoas não conseguem formar esses relacionamentos íntimos, uma sensação de isolamento indesejado pode aparecer, despertando sentimentos de escuridão e angústia.

Se durante esta fase as pessoas não encontrarem um parceiro, podem se sentir isoladas ou sozinhas. O isolamento pode criar inseguranças e um sentimento de inferioridade, já que as pessoas podem pensar que há algo de errado com elas. Podem acreditar que não são bons o suficiente para outras pessoas, e isso pode levar a tendências autodestrutivas. 

Etapa 7. Generatividade vs Estagnação (40-65 anos)

Durante a vida adulta, continuamos a construir nossas vidas com foco em nossa carreira e nossa família. Generatividade significa cuidar de pessoas além de seus entes queridos diretos. À medida que as pessoas entram na era da "meia-idade" de suas vidas, o escopo de sua visão se estende de seu ambiente direto, que inclui a si mesmo e sua família, para uma imagem mais ampla e completa que engloba a sociedade e seu legado.

Nessa etapa, as pessoas reconhecem que a vida não é apenas sobre si mesmas. Através de suas ações, esperam fazer contribuições que se tornem um legado. Quando alguém alcança esse objetivo, recebe uma sensação de conquista. No entanto, se não acha que contribuiu para o panorama geral, pode pensar que não fez ou não está capacitado para fazer algo significativo.

A generatividade não é necessária para os adultos viverem. No entanto, a falta dela pode privar uma pessoa de um maior senso de realização. 

Estágio 8. Integridade do ego vs Desespero (65 anos ou mais)

Na última etapa dos estágios propostos por Erikson, as pessoas podem escolher desespero ou integridade. Vamos pensar que o envelhecimento é, em grande parte, um acúmulo de perdas que exigem compensação. Por outro lado, há um sentimento de que ficou mais tempo para trás do que está por vir.

Deste olhar para o passado pode nascer o desespero e a nostalgia em forma de neblina ou, pelo contrário, a sensação de que as pegadas deixadas, o compartilhado e o alcançado valeram a pena. Um olhar ou outro marcará de alguma forma o que a pessoa espera do futuro e do presente.

As pessoas que alcançam uma visão integral de suas vidas não têm problemas quando se trata de se reconciliar com aquela pessoa do passado com quem talvez, em algum momento, não soubessem como conviver. Reafirmam o valor de sua existência e reconhecem sua importância, não só para si mesmos, mas também para os outros. 

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